quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Imprevistos I

Cruzaram-se de repente.
- Desculpe, eu... Aaa...
- Não, eu é que...
- Eu distraí-me e...
Riram-se de embaraço. E olharam-se. Ele sorriu.
- Ainda bem, então.
- Desculpe?...
- Ainda bem que se distraíu. Assim pude olhar melhor para si.
Ela gaguejou.
- Não fique atrapalhada. Até porque já deve estar habituada...
Ela riu-se. Ele continuou:
- Deixe-me fazer-lhe uma pergunta.
- Espero que não me vá perguntar o meu nome...
- Estava cheio de vontade.
Ela abanou a cabeça, sorrindo, em jeito de quem entra no jogo.
- Seja um cavalheiro e diga-me primeiro o seu.
- Luís. E o seu?
Ela ficou a estudá-lo com o olhar.
- Não acredito que... - disse, olhando para o lado, e logo depois para ela - Não pode fazer bluff!
Ela riu-se novamente.
- Não estava a pensar nisso.
- Vê? - soltou ele, vitorioso, abrindo os braços - Você ía fazer.
- E se calhar ainda vou...
- Se calhar. - resignado - Mas depois, que piada é que tem?
Ela fez-se desentendida.
- Que tem... o quê?...
- Pare!... Diga lá, como é que se chama?
- Maria... Maria do Carmo.
Sentiu-se um impasse. Ele procurou qualquer coisa para dizer.
- Deu-me tanto trabalho que agora me deixou sem conversa.
- Não me parece que seja do género de ficar sem conversa...
Ele sorriu.

...

- Você sabe o que é que eu vou ter de lhe pedir.
Ela riu-se.
- Não peça.
- Dê-me o seu número de telefone.
- Porque é que haveria de lhe dar o meu número de telefone?
- Porque se não der, nunca vai saber.
- Você fala uma linguagem esquisita. E eu tenho mesmo de me ir embora.
- Está bem.
Ela ficou imóvel e surpresa com a resposta. Ele prosseguiu, com toda a calma:
- É por isso que me devia dar o seu número de telefone.
- Você irrita-me.
E deu-lho.

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