quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Arístides de Sousa Mendes

Uma assinatura minha salva uma vida.
Basta-me escrever o meu nome, para evitar que outro nome se transforme numa memória.

E o Consulado? Seria destituído, com toda a certeza! O fim da minha carreira... A vergonha do meu nome.

Uma assinatura minha salva uma vida.
Basta-me escrever o meu nome, para evitar que outro nome se transforme numa memória.

E depois, que fazer? Ninguém se atreverá a dar-me trabalho! E as meus filhos? E a minha mulher? De que irão viver?

Uma assinatura minha salva uma vida.
Basta-me escrever o meu nome, para evitar que outro nome se transforme numa memória.

E a Pátria? Serei eu contado entre os traidores? Será algum dia reposta a justiça? Será que Deus se lembrará deste gesto?

Uma assinatura minha salva uma vida.
Basta-me escrever o meu nome, para evitar que outro nome se transforme numa memória.

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Arístides de Sousa Mendes é um desses bravos homens que aceita, de cabeça erguida, fazer uma escolha que não queria ter de fazer. De onde me é dado que a minha assinatura possa salvar uma vida? Arístides oferece não uma, mas vinte mil, que salvaram outros tantos judeus que conseguiram o livre-trânsito assinado pelo cônsul de Bordéus, à revelia das autoridades portuguesas.

Aristides morreu pobre e desacreditado para os homens. Muitas grandes histórias só têm um final feliz no céu.

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