quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Ad Eternum

- Para sempre.
- Como?
- Sim, para sempre. Quero ficar contigo para sempre.
- Já pensaste no que estás a dizer?
- Já.
- E... Achas mesmo que é razoável pensar isso?
- Não. Mas se o amor for só razoável, não chega. Imagina o que seria um pai pensar se é razoável arriscar a vida para salvar um filho quando ele se está afogar. Ele salta logo para o mar, não salta?
- Sim...
- Porquê?
- Não sei. Talvez porque... a ligação é tão forte! Vem-lhe do coração.
- Achas que se tivesse mais tempo pensaria melhor sobre o assunto?
- Não. Poderia ter uma eternidade. A decisão seria sempre a mesma.
- Pois é. Sabes porquê?
- Tens razão: porque quando amamos, saímos do nosso eu. Mas isto não se pode comparar a...
- Espera. Há mais uma coisa que me parece importante nesta ideia do pai: é que o amor verdadeiro é incondicional.
- Então?
- O pai não salta apenas se souber que vai conservar a sua vida, ou se souber que vai conseguir salvar o filho. O pai salta, e pronto. Quando as pessoas se amam se isto ou se aquilo, aí sim, é pouco provável que fiquem juntas para sempre. "Amo-te se fores divertida, amo-te se fores arrumada, amo-te se ficares a estudar em Lisboa." E no dia em que isto, por alguma razão, deixar de acontecer? Acaba-se o amor? O amor temporal é um se em forma de enquanto.
- Mas parece-me humano ter dúvidas. Como é que posso saber que vou ficar a vida inteira ao lado da mesma pessoa?
- Claro que não sabes... Eu também me assusto ao pensar que vou ficar com alguém para sempre. No fundo, tenho medo de me fartar, de deixar de ter conversa, de caír na monotonia, enfim, de perceber que me enganei. Isso acontece com muitas pessoas, por isso este medo é realista. Mas a questão é... qual é que é a tua meta?

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