quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Imprevistos IV

Quando ela chegou aos pastéis, reparou que ele estava encostado à entrada, a escrever distraidamente no caderno que trazia sempre consigo.
- O que é que está a escrever?...
Olhou para ela, por instantes.
- Uma coisa para si.
- Pensava que fosse um livro…
Ele ficou na dúvida.
- Você sabe?
Ela riu-se.
- Não me vai oferecer um pastel?
Entraram. E conversaram muito tempo, naquele jogo de sorrisos e olhares, avançando e recuando, como quem dá e tira, atraídos por aquele mistério de sedução.
Ele disse uma última piada. Ela riu-se bastante.
- Você é tão parvo! – disse, tentando bater-lhe no ombro.
- E você é muito engraçada.
- Não sou nada.
- Isso é só para eu insistir…?
- Não…
Ele riu-se.
- É claro que é!
Ela sorriu. Já sabia o que aí vinha.
- Pare de tentar adivinhar-me. Não vai conseguir.
- Já consegui, não foi?
- Não!
Ele aproximou-se.
- De certeza?
Olhava para ela intensamente.
- Pare!
Falava cada vez mais baixo.
- Diga que não quer…
- Não quero!
Já podiam sentir a respiração um do outro. Ele desviou o olhar para a boca dela, que o hipnotizava. E, vencendo o escasso sopro que os separava, beijou-a.

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