Calou-se a Arte, para te deixar passar.
Não escreveu uma só palavra,
Não pintou nenhum retrato,
Não compôs qualquer música.
O belo eras tu.
Fascinada, a Arte quis olhar-te sob todos os seus prismas,
Fotografando-te e esculpindo-te no seu imaginário,
Dançando e cantando em redor dos teus ombros.
Tu ficaste num misterioso silêncio.
Quis a Arte esconder-te para não seres descoberta,
Morrendo de ciúme e de medo do lânguido acenar da Matéria,
Que, de dentro, te prometia os seus demorados prazeres.
Tu insinuaste-te à Matéria.
E a Arte, ao ver-te escapar dos seus pincéis, enlouqueceu,
Numa fúria de desejo cego que te afastava ainda mais,
Perdendo-se, só, numa miragem de dor aguda.
Tu dissipaste-te.
A Arte odiou-te na sua ruína.
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
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