terça-feira, 9 de junho de 2009

Discurso para o Dia de Portugal

Senhor Presidente da República,
Senhor Presidente da Assembleia,
Senhor Primeiro-Ministro,
Senhores Presidentes do Supremo Tribunal de Justiça, do Tribunal Constitucional e dos demais Tribunais Superiores,
Antigos Presidentes da República e Presidentes da Assembleia da República,
Senhoras e Senhores Ministros,
Senhoras e Senhores Deputados,
Senhores Representantes do Corpo Diplomático,
Altas autoridades civis e militares,
Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa, Eminência Reverendíssima,
Ilustres Convidadas e Convidados;

O dia que celebramos é um dia retrospectivo, que nos recorda os grandes feitos dos nossos antepassados. É um dia em que nos toca a grandeza da nossa história, a elevação dos homens que a fizeram e o impacto que produziram no seu tempo.

Portugal mudou o Mundo. Nas palavras do grande Luís de Camões, que também hoje recordamos, Portugal deu, inclusivamente, novos Mundos ao Mundo. A esfera armilar foi um eixo de língua portuguesa, através do qual a nossa cultura cruzou oceanos, impregnando a terra de marcas que perduram.
Neste dia, chega-nos a bravura dos nossos marinheiros, a determinação dos nossos restauradores e a destreza dos nossos missionários; ilumina-nos o espírito dos nossos visionários e a fé do nosso povo; esclarece-nos a sabedoria da tradição e a fidelidade à bandeira.
Recordamos, hoje, também os perigos e guerras esforçados, o sangue que a República derramou e as lágrimas que a Liberdade escorreu. Porque a chama de identidade que arde nos nossos corações não foi acesa por nós, mas por aqueles que nos precederam, com pesados e silenciosos sacrifícios.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Portugal é uma pátria transformacional. O vínculo do desafio, do progresso, da mudança, é-nos intrínseco.
Antecipando o Mundo, construímos a novidade; abraçando a diferença, cruzámos muitas raças; persistindo no sonho, conhecemos a liberdade.
Muitas vezes dobrámos o Cabo das Tormentas e tantas outras conversámos com a morte. Nós, portugueses, somos um povo de honra e de missão, que vela o bem-estar dos seus filhos e a dignidade da nação antes mesmo de guardar a própria vida.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Há uma voz que clama: “Renovai as obras da vossa História”. É, aliás, um coro de vozes, as vozes dos nossos antepassados, que agonizam na inércia do nosso gesto e no silêncio da nossa ideia.
O desânimo e o desinteresse têm manchado a nossa política interna. O povo, fatigado pela corrupção e pela ineficácia, afasta-se do Estado, divorciando-se das suas necessidades e questionando os seus meios. O sistema é atacado pela sua maior ameaça, o abandono, que o deixa mais frágil e mais vulnerável.

Este dia deverá então ser, sobretudo, um dia prospectivo.

O passado quer inspirar o futuro mas carece de obreiros. O vento dos tempos pretende guiar-nos, mas precisa que desfraldemos as nossas velas. O povo quer ser mobilizado, mas necessita de líderes.
A vós compete tão sublime execução. É o vosso exemplo que o povo reclama e é nas vossas palavras que o povo quer encontrar direcção. A coerência do Estado e das suas instituições é o verdadeiro instrumento de mobilização social, ainda que secreto e silencioso.

Como podereis exigir justiça, se faltardes à verdade?

Como falareis de solidariedade, se vós mesmos fordes egoístas?

Como conseguireis renovar, se fordes a imagem do vício e do hábito?

Ao cabo da Boa Esperança só se chega de mapa. As nossas embarcações precisam de rumo, o povo exige uma estratégia.
As comunidades da diáspora juntam-se a nós neste grito de unidade, que clama por governantes sábios e servidores.
A liberdade, ameaçada pela corrupção e pela miséria, subscreve a nossa exigência. E o cansaço de frustrações anteriores reveste de urgência a necessidade de uma resposta.

Unidos a todos os povos que aspiram o progresso e a justiça,
Conscientes do nosso lugar no Mundo e na História,
Certos de que a nossa causa é nobre e urgente;

Hoje, dia de Portugal e das Comunidades, erguemos a bandeira que reconstrói a história do nosso futuro.

Viva Portugal!

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